“Sou eu quem faz vir as dores de parto; será que eu não vou deixar que os filhos nasçam? Sou
eu, o Senhor, seu Deus, quem está falando.” (Isaías 66, 9)
Inicio dessa maneira o relato da experiência mais incrível de minha vida, com uma passagem
que li exatamente no dia em que completei as 40 semanas de gestação, postada pela minha
querida obstetra Rúbia. Passagem essa que acalmou meu coração, no meio da ansiedade que
começava a tomar conta...
No dia 07 de maio de 2015, descobrimos que eu estava grávida, com 1 ano e meio casados,
nossa programação era que teríamos filho com 3 anos de casados, mas como diz o Cleiton,
“Deus é que sabe!” E realmente mal sabíamos o tamanho do presente que Deus estava
preparando para nós. Eu já estava pesquisando, e me inteirando mais sobre esse mundo das
grávidas e partos, por conta da minha grande amiga Jucymaire que estava grávida, amiga essa
que viveu junto comigo todas as novidades, medos e anseios de uma gestação. Sempre
imaginei que quando eu engravidasse eu teria um parto normal, o medo de anestesia, cirurgia
e o pós parto, me assustavam muito para pensar em uma cesariana. Nas minhas pesquisas,
conversei com outra amiga, Letícia, no qual me contou o relato do seu parto, foi onde eu tive
muita certeza de que eu queria um parto normal, natural e humanizado. E me enviou um
convite para ir num encontro da GAMAAL, onde me inteirei mais sobre o parto natural, com
uma ótima conversa com a Dra. Sandra Valéria e lá também conheci o trabalho de uma Doula
e seu importante papel antes, durante e após o parto, onde comecei a pesquisar as
profissionais que atuavam aqui.
Na minha primeira consulta na minha antiga G.O, quando disse a ela que gostaria de um parto
normal, ela não se mostrou tão receptiva, comecei então, a busca de uma obstetra que fizesse
parte desse sonho. Descobri que não eram muitos os obstetras que apoiavam o parto natural
humanizado, foi quando a Letícia, me indicou a Dra. Rúbia. Agendei uma consulta com ela, e
tive a certeza que ela que faria meu parto.
Entrei em contato com a Fabrina, e marcamos um encontro, eu e o Cleiton nos simpatizamos
muito com esse jeito sincero e extrovertido dela, nos passou muita confiança e tivemos
referencias ótimas dela, decidimos então que ela que participaria desse momento com a gente.
Acreditamos com toda certeza que tudo foi providência Divina. E agradeço muito a Deus por ter
colocado esses dois anjos em nosso caminho: Rúbia e Fabrina.
Toda gestação foi muito tranquila, completei as 40 semanas no dia 16 de janeiro, e não tinha
nenhum sinal de que o trabalho de parto estaria próximo. Íamos praticamente um dia sim, outro
não, ao encontro da Dra. Rúbia, o bebê estava bem, porém meu colo estava grosso ainda,
muito fechado, então iríamos continuar esperando a hora dele... Essa espera, em certo
momento ia começando a se transformar em ansiedade, e todas as vezes que a ansiedade e o
medo começava a tomar conta, lembrava que eu havia me preparado, que não precisava ter
medo, apenas esperar a hora do meu pequeno, prestar atenção nos sinais que meu corpo
dava, entregar nas mãos de Deus e pedir a proteção e intercessão de Maria.
No dia 21, fiz um ultrassom e um cardiotoco, tudo continuava muito bem com o bebe, porém
meu líquido amniótico estava aumentado, e o Lucas estava ficando muito grande. Fui ao
plantão da Dra. Rubia, e ela pediu que eu fizesse um controle da minha glicemia durante dois
dias, pois na ultima curva glicêmica que eu havia feito, tinha dado uma diabete gestacional,
isso poderia ser a causa da demora de entrar em trabalho de parto, e a causa do liquido
amniótico aumentar. Se minha glicemia desse muito alterada, iríamos induzir o parto o quanto
antes. Fabrina me mandou fazer caminhadas, faxina, agachamento e namorar, pra tentar
agilizar as coisas... Fiz o que ela me indicou, e fiz o controle das taxas glicêmicas e graças a
Deus, nenhuma deu alterada. Com isso pude ir até na comemoração de aniversário da
Dra.Rubia, no dia 22, apesar de eu não poder comer nenhum docinho, foi ótimo pra distrair um
pouco e ver tantos bebês, um mais lindo que o outro.
No sábado, dia 23, acordei com umas cólicas leves, falei pro Cleiton e ele apenas disse: “nosso
Lucas está chegando” fiquei quietinha sentindo cada sensação do meu corpo... A noite iria no
plantão da Dra. Rúbia, chegando lá, contei das cólicas, que haviam ficado mais fortes e
frequentes no final da tarde, a Dra Rúbia vibrou, fizemos o toque e meu colo estava afinando, e
o tampão começava dar sinais de sair, a Dra. mandou tomar buscopan pra aliviar as cólicas e
tentar dormir, porque muito provavelmente no domingo, ou no máximo segunda, Lucas
Henrique estaria chegando. Fomos pra casa felizes, e eu só conseguia pensar que logo estaria
com meu filho nos meus braços. Tentei dormir, mas as cólicas foram ficando mais frequentes e
mais fortes, apenas de manhã elas deram uma espaçada nos intervalos e consegui tirar
pequenos cochilos. Acordei, falei com a Fabrina, ela me orientou a lembrar das nossas aulas e
começar aprender a lidar com as dores, mandando eu respirar fundo, soltar lentamente, mover
o quadril, usar a bola, etc.. essas dores pra mim foram totalmente suportáveis, pareciam uma
forte cólica menstrual. Avisei a Dra. Rúbia, e ela avisou que iria à maternidade, e perguntou se
eu não queria ser avaliada. Prontamente me arrumei, colocamos as malas no carro, e fomos
pra lá, fiz um cardiotoco, o bebê continuava bem, porém as contrações não estavam ritmadas
ainda, voltamos pra casa. A tarde fui caminhar, e as dores continuavam espaçadas, vinham de
9 em 9 minutos, 7 em 7min.. não pegavam um ritmo. Tentei dormir, mas passei a noite em
claro, as dores haviam aumentado, porém os intervalos era irregulares, tomei uns dois banhos
quentes na madrugada, pra tentar relaxar, mas não ajudou muito não.
Na segunda-feira, dia 25 de janeiro, aniversário do Cleiton, e o dia em que comemoramos 2
anos de casados, Cleiton já acordou radiante, com a certeza que nosso filho viria nessa data
tão importante pra nós, e seria o maior presente de aniversário pra ele. Fui tomar um banho, e
percebi que havia perdido o tampão. Avisei a Fabrina e a Dra. Rúbia, que pediu que eu fosse
até ela pra ela me examinar, e pediu que eu fizesse novamente um ultrassom com doppler e
um cardiotoco, só para termos certeza de que o bebê ainda continuava bem, pois já estava
com 41 semanas e 2 dias. Conversei com o Cleiton, e fomos já com uma certeza, de que se
não tivesse nenhum sinal ainda, iriamos pedir para induzir. Mas como Deus já havia preparado
tudo, quando a Dra. Rúbia me examinou, eis que eu estava já com 4cm de dilatação, porém as
benditas contrações ainda não estavam ritmadas, então ela mandou eu ir almoçar e caminhar.
E se as contrações ritmassem, nos encontraríamos as 14 hrs na maternidade. Fomos almoçar,
não consegui comer muito bem, e logo fui pra praça caminhar e as contrações começaram a vir
de 4 em 4 minutos, caminhamos 30 minutos e fui pra casa tomar um banho e me preparar.
Acontece que o banho me relaxou e as contrações voltaram a ter intervalos irregulares. Avisei
a Dra. e ela falou pra eu ir fazer a ultrassom. Fiz o cardiotoco, onde as contrações voltaram a
ficar de 4 em 4 minutos e na ultrassom, vimos que meu liquido amniótico não estava mais
aumentado e o Lucas Henrique havia encaixado, estava bem, os batimentos cardíacos
estavam ótimos. Terminando os exames, a Dra. ligou, e mandou irmos pra Candido Mariano.
Avisei a Fabrina, que já estava a postos, pronta pra ir pra maternidade. Passamos para pegar
umas águas de coco e chegamos na maternidade às 17:30, logo a Fabrina chegou. Não havia
sala de parto disponível, então a Dra. sugeriu que fossemos para uma área nos fundos da
maternidade, ao ar livre, pra eu continuar caminhando, pois minhas contrações ainda não eram
fortes o suficiente e nem ritmadas. Fiquei caminhando com o Cleiton e quando as contrações
vinham, Fabrina e o Cleiton revezavam e apertavam meu quadril, e conheci as famosas mãos
de fada da Fabrina com seu óleo mágico, que quando fazia massagens nas minhas costas,
aliviavam bastante. Depois fomos para uma salinha, pra Dra. me examinar, por volta das 19:30,
estava com 7cm de dilatação, e então a Dra sugeriu que todas as vezes que as contrações
viessem, eu fizesse agachamento e força para tentar romper a bolsa. Então a Fabrina pediu
que eu quicasse na bola e fizesse agachamentos... até que liberaram a famosa sala 4,
chegando lá, coloquei minhas músicas no celular para tocar, e o ambiente que se formou, foi
um ambiente tranquilo, de paz, eu não poderia querer estar em outro lugar, se não aquele.
Continuei fazendo os exercícios que a Fabrina me pedia, porque as contrações continuavam
sendo não tão fortes, eu já estava começando a ficar exausta, porem eu conseguia lidar muito
bem com as dores. Cleiton sempre ao meu lado, me encorajando e me dando total suporte. Por
volta das 20:30h a Dra foi me examinar, e a bolsa rompeu, com um pouco de mecônio e eu
estava com 9cm de dilatação, a Dra. auscultou o coração do Lucas e me tranquilizou disse
que ainda não era sinal de sofrimento do bebê, porém não poderíamos virar noite a dentro em
trabalho de parto. A Dra Rúbia disse que eu precisava de glicose, saiu da sala e voltou com um
chocolate, um pé de moça e um pé de moleque e pediu para eu escolher, não queria nada,
meu estomago estava embrulhado, mas ela insistiu e eu comi o chocolate. Eu já estava
exausta, então ela sugeriu ou aplicar a ocitocina para intensificar as contrações, ou intensificar
os exercícios. Preferi intensificar os exercícios e fazer força todas as vezes que as contrações
viessem, só que eu já estava muito cansada, sentei na banqueta pra fazer força, e a Dra.
sugeriu novamente aplicar a ocitocina, eu tinha medo de que as dores ficassem insuportáveis,
mas concordei, pois era pro bem do meu filho, pra que ele viesse logo. Porem a ocitocina não
fez tanta diferença, a Dra estava o tempo todo auscultando o coração do Lucas Henrique, e eu
estava na banqueta tentando fazer força, porem não me senti confortável na banqueta, pedi
para tentarmos outra posição. A Fabrina sugeriu que eu subisse na maca abraçasse a bola e
ficasse na posição de quatro, na primeira contração já não consegui fazer força nessa posição,
e então pedi pra sentar na maca, sabia que aquela não era a posição mais favorável pro meu
filho nascer, porém foi a melhor posição que eu achei para fazer força. A cada contração, me
esforçava pra dar o melhor de mim e fazia força, me perdi no tempo, acredito que foram quase
2 horas que fiquei ali fazendo essa força que traria meu filho, estava muito cansada, mas eu
não poderia desistir, senti queimar meu períneo e a Dra Rúbia disse que já estava vendo o
cabelinho dele, me deu mais um ânimo pra continuar. Vi que o Cleiton estava rezando e, entre
o intervalo de uma contração e outra, rezei junto com ele silenciosamente, roguei a minha
Mãezinha que me desse mais força, que estávamos pronto pra receber o Lucas Henrique, foi
quando veio uma contração forte, fiz toda a força que eu tinha dentro de mim, quando eu vi que
meu marido já estava chorando e percebi então que ele já estava vendo o Lucas Henrique, a
emoção foi incontrolável quando senti ele escorregar e vi a Dra. Rúbia com ele nos braços e o
colocou nos meus, agradeci a Deus e Nossa Senhora por aquele momento e pela vida do meu
filho, ouvi o chorinho mais lindo do mundo, projetei todo o meu amor a ele e o coloquei no meu
peito. E foi assim, às 23:10 ainda do dia 25 de janeiro de 2016, nosso pequeno milagre chegou,
pesando 3,825g e 51cm, para nos presentear e completar nossas vidas.
Deus preparou tudo tão perfeitamente, que esse dia não poderia ter sido melhor, não me canso
de agradecer a Ele, por ter nos guiado até aqui.
Agradeço a Dra. Rúbia, profissional extremamente competente, que se tornou amiga e nos
passou calma, confiança e paz a todo tempo, que fazia pequenas consultas virarem grandes
conversas divertidas que nos deixou extremamente tranquilos em todo trabalho de parto.
Agradeço muito também à Fabrina, por todo o companheirismo, pelas conversas e conselhos,
ás vezes um tanto malucos rsrsrsrs, pelas aulas, pelos encontros, por nos ajudar a preparar
para esse momento, pelas massagens e palavras certas...
Agradeço à minha família, que apoiou nossa escolha, e esteve ao nosso lado a todo momento.
Agradeço pelas orações de todos os amigos, que vibraram junto conosco ao nascimento do
Lucas Henrique e já o rodeiam de amor.
E por fim, agradeço muito ao Cleiton, meu esposo, por ter me apoiado sem pestanejar, sem
questionar, a todas as minhas decisões, obrigada por ser minha força, meu refúgio, por
acreditar em mim! Sem ele jamais teria chegado até aqui. Amo-te mais do que nunca!
Por mais que eu tente colocar por escrito todas as emoções e sensações desse dia, é
impossível descrever tudo o que eu senti. Viveria tudo novamente, se necessário fosse, pois o
parto que eu sonhei, foi melhor do que eu pensei, repleto de respeito, amor e humanidade!
RELATO FEITO E ENVIADO POR RAYANNE GUIMARÃES, E FOTOS ESCOLHIDAS E AUTORIZADAS PELA MESMA