Hoje faz 1 mês que o pequeno Benjamim nasceu e decidi realizar o relato do meu parto para
que além de eu reviver tudo o que passamos, eu possa ajudar outras mulheres que desejam um
parto normal após terem uma cesárea.
Em 2011 após uma dengue hemorrágica resolvi parar o anticoncepcional e para minha surpresa
no mês seguinte estava gravida! Foi um misto de sentimentos pois não esperávamos, afinal
foram 16 anos de remédios. Infelizmente tive um aborto retido na nona semana de gestação,
descoberto em um ultrassom de rotina, após de já termos escutado o coraçãozinho e estarmos
todos empolgados com a ideia....Foi um processo dolorido, precisei de curetagem e muito
conforto para o coração.
Após 5 meses descobri num teste de gravidez de farmácia que estávamos grávidos novamente!
Veio a felicidade misturado com o medo da perda a cada ultrassom realizado. Eu não conhecia
muito sobre como eram feitos os partos em Campo Grande, na minha cabeça todos os médicos
primavam pelo parto normal e a cesárea realmente era realizada quando necessário. Quando na
conversa com minha médica sobre o tipo de parto, a mesma disse realizar o parto normal e aí
segui com o meu pré natal. Fui atrás de uma colega de faculdade que além de fisioterapeuta
também era doula e comecei a me preparar. Com 32 semanas em US de rotina fui diagnosticada
com aumento de liquido amniótico, placenta envelhecida e indicada a realizar um exame de
ecocardiograma fetal, no qual foi constatado espessamento de septo ventricular....resumindo...
”Temos que tirar seu filho antes das 40 semanas porque a chance dele ir para uti num parto normal é de 40%”. Mediante dessas informações a cesárea foi marcada e nasceu o nosso lindo Benício, numa cesárea com a presença da doula, marido, minha cunhada pediatra, enfim me senti acolhida e tudo o que eu queria era que ele viesse bem e saudável, independente do tipo de parto.
Estávamos felizes, porem eu tinha aquela pontinha dentro de mim de frustração. A médica na sala de recuperação deu um tapinha na minha perna e disse: “ você queria normal não é? Espera dois anos e tentamos de novo”. Me deu um beijo e foi embora, e eu descrente de que ela realmente realizara parto normal, pois no dia que o Benício nasceu ela realizou todas as consultas dela, me marcou para 18:30 e mais duas depois de mim
19:30 e 20:30.
Em junho de 2015 veio o inesperado novamente: um teste de farmácia positivo!
Eu queria outro filho, porem esperava me preparar para isso...rsrsrsrs... Senti que era uma benção pois estava
prestes a completar 39 anos e o meu primeiro filho 3 anos!
Logo descobrimos ser outro menininho, o que encheu meu coração de alegria! A gravidez estava muito tranquila, não tinham as ansiedades e medos da gestação anterior e eu me sentia cada vez mais forte e disposta...porem não estava feliz com a minha médica. Até que conversando com uma paciente gestante ela me falou da Fabrina, a doula que ela estava tendo aulas, peguei o telefone e mandei um whats app.
Na conversa com a Fabrina ela me deu indicações de alguns médicos que realmente realizam o parto normal, pedi ajuda dela para consegui marcar com a Dra Sandra, o qual fui consultar com 5 meses.
Foi amor a primeira consulta, lá ela me explicou que minha cesárea anterior foi sem indicação e que eu tinha tudo para conseguir meu pn, mesmo tendo essa cesárea anterior e no ano em que iria completar 40 anos! Continuei minha rotina normalmente e as consultas com a Dra Sandra. Gravidez tranquila não fosse por tudo o que escutei quando mencionava a minha vontade em ter um parto normal. Seu primeiro filho foi normal?
Voce é louca? Com tanta tecnologia para que isso? Ahhh você não tem mais idade pra isso...Enfim em 9 meses a cada 10 pessoas, 9 eram contra ao meu desejo! Eu tinha vontade de dizer que o Benício tinha vindo de parto normal,que eu queria que o Benjamim pudesse escolher o dia e a hora dele, que eu queria me recuperar mais rápido ate pra poder pegar o Benicio no colo!
Me mantive firme com o apoio da Dra Sandra e da Fabrina que sempre me disseram que eu podia.
No dia 03 de fevereiro de 2016, com 39 semanas e 3 dias, retornei a universidade e as aulas. Me sentia muito bem, conversei com os alunos, meu filho também tinha retornado a escola, estava tudo se encaminhando.
Fui no RH e entreguei um atestado e pensei que ia aproveitar uns dias antes do Benjamim chegar, vim pra casa e desfiz a mala da maternidade para repassar as roupinhas do bebe e as minhas. Eis que de madrugada as 1:20 senti uma contração forte e escorrer um liquido, fui ao banheiro e minha calça estava molhada. Vim pro sofá e forrei uma toalha e ate as 6:30 foram mais 3 contrações fortes. Levantei e fui fazer a mamadeira e acordar
meu filho quando as 7:20 perco o tampão e minha bolsa estoura. Meu marido foi levar o Benício e eu refazer a mala.
As contrações estavam irregulares e bem suportáveis. Falei com a Dra e ela estava na maternidade em dois partos e me disse que para quando pudesse para ir até lá.
Continuei arrumando a mala, falando com a Fabrina e meu esposo em casa em uma audioconferencia.
As 11:00 fomos para a maternidade e já tinha contrações a cada 20 – 30 minutos.
Uma outra medica me examinou e eu só tinha 1 dedo de dilatação. Falei com a Fabrina e a mesma me aconselhou a almoçar bem e acalmar meu coração que a hora estava chegando.
Fomos caminhando ate o restaurante e a caminhada intensificou as contrações. Chegamos em casa próximo as 14 hs e avisei minha mãe que logo se arrumou para vir para minha casa.
O tempo entre uma contração e outra só diminuía e elas vinham cada vez mais fortes. As 15 hs
meu marido ligou para Fabrina e para a Dra Sandra e fomos todos para o consultório.
Ao abrir a porta do consultório veio uma contração que me lançou ao chão. A Dra Sandra veio e me
levantou do chão e me levou para examinar. Eu ainda estava com 1 dedo mas a Dra viu que eu estava desidratada e resolveu me internar para que eu pudesse ser hidratada e aguardar o parto.
Fomos todos para a maternidade e chegamos lá as 16 hs, nesse momento a Fabrina (anja) me ensinou o que fazer com as contrações, pois quando elas vinham eu me prendia inteira, foi aí que ela me explicou que com o comportamento de corpo que eu estava adotando o parto não ia acontecer.... na maternidade foi um vuco vuco pois era véspera da sexta de carnaval e adivinhem? Não tinha vaga, a preferencia eram das pessoas que tinham marcado, estava cheio de césareas eletivas e eles tinham prioridade pois os apartamentos estavam agendados... Oi? É esse incentivo que tem o parto normal? Me senti muito mal e desamparada pela instituição, até que a minha médica me pede para ficar tranquila que ela dará um jeito.
Fui para o banheiro (pois tinha outras duas gestantes na mesma sala) e fiquei lá com minha dor...uma contração atrás da outra e eu queria ficar ali...Fabrina entrou e me retirou dali, pois a enfermeira já ia nos levar para sala de parto...até que escuto que não tem sala de parto disponível.... me colocaram na cadeira de rodas e segui pelo corredor. Até que me deparo com a sala 4 e a Dra retira delicadamente uma paciente de lá que ainda estava com as contrações irregulares.
Lembro da porta abrir e dar de cara com o relógio 17:05. A doutora Sandra enche a banheira enquanto entre um intervalo de contração uma enfermeira me dá um soro e a Fabrina me coloca na bola.
Vejo meu marido e as pessoas meio embaçadas, escuto muito longe, pronto....cheguei na Partolândia (como diz a Fabrina)...era eu e a minha dor ali...entrei na piscina e as contrações não davam intervalo...Dra Sandra com o Sonar a todo tempo vendo que meu Benjamim estava bem. Até que ela pergunta “ Márcia porque está fazendo força?” e eu respondo: “Porque estou com vontadeeeeeee!”
Aì ela pede para eu sair para me examinar e diz: “ Gente vocês não vao acreditar!!! 9 dedos vai nascerrrr já já!!”
Aí fiquei alí na cama, sobe a barra da maca para eu me apoiar e eu faço força...não não é assim...quero ir pra banqueta, apóio no marido e faz força...não não é assim....até que me viro de joelhos no chão e me apoio
na banqueta...pronto...achei a posição...senti que o Benjamim coroava, aquela sensação de queimação e a certeza de que em poucas forças teria meu filho nos meus braços....Mais uma força e nasceu...As18:04....Ahhh que sensação maravilhosa!!!!!!! Me sentei no chão com meu filho em meus braços! Ele ali comigo, fazendo os exames comigo e o pai do lado. Subi na maca e fui fazer a sutura, pois tive laceração, e num certo momento a Dra indicou a episiotomia (ela raramente faz pique, só num único caso, já explicado pra mim) mas como eu estava na partolândia... disse não a episiotomia...rsrsrsrs...Meu filho logo mamou e estava ali me sentindo realizada e completa.
A noite tive uma hemorragia pós parto que não foi detectada pelas enfermeiras o que me traz um cansaço até hoje, mas estou tratando e logo estarei 100%. Mas desde 15 dias pós parto já dirijo e posso pegar meu Benício no colo. Apesar da laceração e da perda de sangue foi muito mágico e só foi possível porque a Fabrina e Dra Sandra a todo momento me disseram que eu podia e era capaz e ao meu esposo que talvez não concordasse com o tipo de parto, porem nunca questionou e me apoiou na decisão do inicio ao fim.
É possível esperar o dia e a hora do nascimento do seu filho, independente se ele vier via vaginal ou césarea.
O que importa é a equipe que te ampara e faz daquele momento algo mágico e inesquecível.