Nem tudo que programamos sai como
queremos ou idealizamos, mas o importante de tudo isto é que no final tudo
ocorra bem e termine de maneira feliz, e mesmo um final não tendo chegado ao
meu objetivo, meu final foi feliz e me serviu de lição, e que outras pessoas possam ler meu relato agora e terem como exemplo.
Me chamo Ariane, mãe do Pedro (2
anos) e Vicente (1 mês), e lutei com todas as minhas forças!
Não gosto de expor minha vida,
mas quando podemos ajudar outras pessoas acho importante contar nossas
experiências... E que experiência né Fabrina, Dra. Sandra e comadre Nadia, e
amigas Luciana e Fran.
Descobri minha
gestação um pouco avançada, com 16 semanas (4 meses), foi um choque, pois
tomava contraceptivo, não foi nada fácil aceitar que estava grávida de 16
semanas, não estava em meus planos, e foi difícil aceitar algo que não
programei.
Fiquei perdida nos primeiros
dias, com um filho de 2 anos e outro que logo nasceria, quando parei para
pensar já me veio na cabeça, digo na cabeça por que ainda não no meu coração,
que teria um parto normal para facilitar os cuidados que teria que ter com 2
crianças, digo porque não tive uma boa recuperação da cesariana, e acho que
fiquei com um pouco de trauma.
Logo pensei,
para ter um parto normal vou precisar de ajuda, e imediatamente veio a querida
Fabrina, nos conhecemos quando trabalhamos juntas na Unimed, e ela também fez
drenagem na minha primeira gestação, entrei em contato pelo face com ela, onde
relatei minha situação, a Fabrina é uma linda, me colocou pra cima, só me
falava coisas boas, sempre muito otimista me tranquilizando pois estava sendo
difícil eu aceitar que estava grávida, e me orientou tudo sobre parto normal
humanizado.
Como é muito
comum, minha médica era e é cesarista, e a Fabrina até me acompanhou em uma das
consultas de pré natal , pois eu bati o pé e disse pra Fabrina que minha médica
fazia parto normal (hoje sei que não faz, é daquelas que falam mas não fazem).
Tivemos dois encontros, onde a Fabrina me explicou tudo o que podia acontecer,
me explicou sobre as transformações do meu corpo, tipos de parto, analgesia
para parto normal ( riscos e etc), falou das fase do trabalho de parto e do
parto em sí!! No ultimo encontro saí um pouco preocupa pois achei a Fabrina um pouco radical quanto a escolha
da minha medica, ela me instruiu que talvez pudesse trocar por uma medica com
maior aceitação ao parto humanizado, não gostei muito da idéia, pois eu
acreditava em minha médica. Conversei com minha medica na consulta e ela disse
que iria fazer meu parto normal.
Ate ai tudo
bem, quando completei 37 semanas em uma segunda feira, minha medica que dispõe
em seu consultório de aparelho de ultrassom achou que estava com pouco liquido,
e pediu que realizasse outro ultrassom para ter uma segunda opinião, começava
ai minha jornada de exames e preocupação, passei a noite acordada tomando água
porque achava que meu bebe poderia estar sofrendo. No outro dia cedo estava eu
realizando exame, quando o Dr. falou que estava tudo bem, que meu bebe era
grande e a quantidade de liquido estava normal pela quantidade de semanas,
mandei mensagem para medica avisando que estava tudo bem.
Passada uma
semana, estava eu novamente na consulta com 38 semanas, com o exame em mãos, a
medica disse que não concordava com o resultado. Novamente ela fez o ultrassom
em seu consultório e afirmou que ainda achava que tinha pouco liquido e pediu
para repetir o exame e que iria induzir meu parto. Pedi que ela fizesse uma
carta para que eu entregasse ao mesmo medico que fizera meu exame
anteriormente, pediu que eu retornasse naquele mesmo dia com o exame para
decidirmos que decisão tomaríamos. La fui eu fazer o exame, entreguei a carta
ao medico que após certificar que não estava com pouco liquido me orientou a
procurar uma segunda opinião. Não pensei duas vezes, não voltei ate hoje na
medica!!
Nesse meio
tempo me desentendi com a Fabrina porque sou cabeça dura, e havia dispensado o
seu atendimento, pois na época que acreditava na minha médica achava que a Fá
estava exagerando, mas aí já tinha passado tempo e agora não tinha a quem
recorrer, e só pensava em tudo que a Fá me falava, e o que estava acontecendo
comigo. Pois mesmo não confirmando com ela se ia querer Doula, ela me orientava
pelo whats e me deixava calma... mas logo meu desespero tomava conta. Mas não
tive duvidas, vou pedir a ajuda da Fabrina, na pior das hipóteses vou receber
um não. Mandei whats pedindo socorro, que estava desamparada e que queria uma
consulta com a Dra. Sandra Valéria, e ela não
negou ajuda apesar de eu ter sido dura e injusta com ela.
No outro dia lá estávamos na
consulta com a Dra. Sandra, foi aí que nasceu em meu coração a vontade de ter
meu bebe em um parto humanizado, porque estava rodeada de pessoas maravilhosas,
antes só sentia medo e achava desnecessário uma doula ou uma medica me
acompanhando durante todo o trabalho de parto. Mas hoje vejo que o sistema é
falho, e que pra parir ou tentar parir com respeito no Brasil, requer equipe
humanizada!
Sempre achei
que meu bebe nasceria quando completasse 40 semanas, engano meu, começou ai a
mais longa espera da minha vida, chegar as 40 semanas era muito, imagine
esperar ate 42 semanas!! Mas eu esperei!! Foram idas e vindas, cardiotocografias
(as vezes a Dra. pedia só pra me deixar tranquila e a família também) para
checar o coração do bebe, prodomos, e ate falso trabalho de parto.
Chegada as 42 semanas tudo do
mesmo jeito, nenhum sinal, nada de contração, tampão, etc. No consultório a Dra
examinou pela manhã e nada, mais exame e tudo bem comigo e com meu bebe, fui
para casa esperar e esperar... A noite por voltas das 22 horas começou as
contrações doloridas (que eu achei que eram doloridas rs) corri para o hospital
e Dra Sandra me examinou, estava do mesmo jeito, sem dilatação, colo fechado e duro,
me medicou com buscopan e as contrações foram embora, fui para casa, chorei
muito, pois a ansiedade só aumentava. Teve uma madrugada que eu achei que minha
bolsa tinha rompido, até acordei a Fabrina, a qual me orientou a ligar para a
Dra. e descobri que não era.
No dia
seguinte (terça-feira 11.08.25) passei o dia em casa quietinha, chorei muito,
me desesperei me acalmei, e rezei para que minha hora chegasse logo, tinha
dentro do meu coração que não ia desistir, que só seria submetida a uma
cesariana se fosse necessário para preservar a saúde do meu bebe e a minha. Por
volta das 21:00 hs comecei a sentir as contrações, muito irregulares, a dor era
suportável, pensei comigo, vou ficar quietinha, não vou alarmar ninguém e nem
vou sair correndo para o hospital, eram bem irregulares, 25 minutos, 15 minutos
e ate de 5 minutos. Mas chamei a Fabrina no whats app e a mesma estava na
maternidade com a Dra Sandra em outro Trabalho de Parto. A Fá me explicava o
que eu estava sentindo e dizia pra eu ficar calma, e caso eu entrasse em TP que
ela não poderia ficar comigo, e me indicaria outra doula.
Passei a noite sentindo elas,
dava ate pra cochilar, quando amanheceu o dia (quarta-feira 12.08.15), mandei
mensagem para Dra Sandra que pediu que fosse ate o hospital onde estava de
plantão, chegando la, quando fui examinada nem acreditei no que ela disse, colo
amolecido, e inicio da perda do tampão, nossa fiquei muito feliz, já tinha
dilatação, acho que era 1cm, não me lembro bem, fiz novamente os exames,
cardiotoco e us com Doppler, tudo ok com o bebe. Há não posso esquecer da
enfermeira Adélia que fez alguns procedimentos para me ajudar com a evolução do
TP, uma fofa ela, me ensinando a respirar, e nem sabia eu que logo eu
precisaria respirar como nunca. Fui para casa esperar a evolução das contrações,
e por volta das 13 horas fiquei igual uma doida, elas estavam ritmadas em 5 em
5 minutos, coisa de doido, Dra Sandra pediu pra que eu fosse a maternidade que
uma colega dela iria me examinar, liguei para minha comadre Nadia me levar para
maternidade, ela veio de jato, acho que foi a primeira vez que ela socorreu uma
grávida. Ao ser examinada ainda não tinha indicação para internar, mas pedi que
ficasse internada pq em casa não ficaria bem, e confesso que tinha medo também.
Dra Sandra
orientou ligar para Fabrina, e agora ¿¿ não sabia se ela ia me aceitar de volta
pq não havia conversado claramente com ela, pedi que ela me acompanhasse, ela
ate me indicou outra doula, pois ela tinha doulado a madrugada toda e tinha
compromissos e eu havia desistido de doula L Mas queria ela, graças
a deus ela aceitou me acompanhar, disse que assim que desse as aulas dela
daquela tarde, ela iria lá ficar comigo. E ela foi e foi essencial. Passei a
tarde com as contrações que eram doloridas porem suportáveis, passei o fim da
tarde e inicio da noite em companhia da comadre Nadia, amiga Fran e amiga
Luciana. Logo chegou a Fabrina, e a Dra Sandra, as contrações ficaram mais
intensas e com intervalos curtos, meus Deus como doíam, esquecia de tudo, ate
de respirar, nessa hora uma Doula é indispensável, com ela não tinha medo de
seguir em frente, e claro com a minha linda Dra Sandra ali, tinha tudo para
confiar que tudo ia acabar bem.
Dra me examinou, tinha dilatado
acho que 5cm, mas ao exame a Dra optou por estourar a bolsa, assim ela fez, e o
motivo pela qual ela optou foi confirmado, junto ao liquido havia mecônio, e
logo fui submetida ao exame de cardiotoco, estava tudo ok com os batimentos,
ainda podíamos continuar.
As contrações
estavam muito doloridas, quase não me davam tréguas, mas eu aguentava firme,
até que chegou uma hora que eu não aguentei e pedi analgesia, estávamos no
apartamento e a Dra acho melhor me avaliar novamente para ver em que plano meu
bebê estava e a dilatação. Vicente ainda estava alto, segundo o termo usado
pela Dra e eu já estava com 8 cm. E para o procedimento de analgesia fomos para
sala de parto. Depois da analgesia meu corpo relaxou, mas logo a Dra percebeu
grande quantidade de mecônio, ao me deitar para mais uma cardiotoco as
contrações continuaram, porem após a cardiotoco ficar pronta, tanto a dra
quanto a especialista que fez o exame avaliarem os resultados, veio a definição...
o exame não estava muito bom e o mecônico que antes era fluido, estava espesso!
Ela me explicou que se o Vicente estivesse baixo, e eu com dilatação mais
avançada, talvez daria pra continuar, mas não saberíamos aí quanto tempo
levaria mais para ele descer e eu dilatar os 2 cm que faltavam. Seria muito
arriscado para meu bebê.
Então a
cesariana foi mais que indicada, foi necessária, para preservar a vida e o bem
estar do meu bebê!!! Não tive em aceitar, pois confiava nela, e queria o melhor
para meu filho, só queria que ele nascesse bem, e fui ate onde tive segurança,
na hora poderia ter pensado: nadei nadei e morri na praia, mas não foi o que
senti, senti orgulho de ter esperado ele querer nascer, de estar ali com
aquelas pessoas humanas e carinhosas, e saber que não sofri nenhuma violência
obstétrica.
Dali fui para
centro cirúrgico, mil coisas se passaram na minha cabeça, a lembrança da
primeira cesariana, senti mais medo naquele momento, mas sabia que logo teria o
Vicente em meus braços, naquele momento chorei muito, queria ter a oportunidade
de parir meu filho, não era um sentimento de fracasso, mas sei lá, pensei, Deus
sabe o que faz, e eu sempre aceito o que escolhe para minha vida, deve ter
algum sentido tudo isso.
Dali para
frente queria ver logo a carinha dele, choramos eu, Fabrina e Nádia, e por
volta da 01:00 da madrugada do dia 13.08.15 nasceu aquele bebe enorme,
saudável, sujo de mecônio mas sem nenhuma complicação, chorando forte e lindo.
Vicente nasceu
com 42 SEMANAS E 4 DIAS, 4.050 k, com 51cm, uma lindeza, foi colocado nos
primeiros minutos no meu seio para mamar, coisa mais linda, só tenho a agradecer
a Dra. Maravilhosa Sandra Valéria, agradeço a Deus por ter deixado ela cuidar
de mim, agradeço a Fabrina pela paciência e amizade, ao Dr. Durval Palhares o
pediatra que cuidou do Vicente e não fez nada que não fosse preciso, a minha
linda comadre Nádia por ter passado todo o trabalho de parto ao meu lado, e as
amigas Luciana e Francille pela amizade e companhia.
O que eu
aprendi com tudo isso não cabe em palavras, a dor do trabalho de parto é inexplicável,
talvez até esqueça aquela intensidade, mas meu coração ficou marcado para
sempre, esperar até onde a segurança foi fundamental para evolução do bebe, sei
que sou uma boa mãe, mas me sinto diferente, não sei explicar, o amor pelos
meus filhos não tem diferença, mas me sinto mais realizada, feliz e mais
completa, apesar do final não ter sido como eu queria... mas me sinto sim,
forte e guerreira!
Este foi meu
relato... espero poder ajudar a você que busca um parto com amor, respeito e
que sua decisão de PARIR não seja desencorajada por ninguém, e sim por reais
motivos! Fiquem com Deus. E confiem!!