RELATO DE PARTO - nascimento Marco Antônio 17/11/2014
E então o dia havia chegado... Eu mal sabia que no fim da tarde daquela segunda, 17 de novembro de 2014, seria o dia escolhido por ele para chegar a este mundo, do jeito dele, na hora dele, e quando ele achou que estava pronto... Mas essa historia começa muito antes, muito antes desse dia... Quando conheci João Ricardo, nunca achei que quando tivéssemos filho ele nasceria de parto normal, alias muito pelo contrario, sempre pensei: pra que sofrer?? Justo nessa hora?? Eu hein... E ele, como sempre, dizia ao contrario: nosso filho nascera de parto normal! Eu nasci, meu irmão nasceu.. É normal! Anormal é cesariana... Mal sabia eu que ele já era empoderado desde sempre!
Pois então quando descobrimos no dia 21 de março de 2014 que o nosso presentinho estava a caminho, que aquele serzinho planejado por nos já habitava meu ventre, foi então que as coisas tomaram um rumo ainda mais louco e delicioso.. Pois bem, estava acontecendo comigo né? No meu corpo? Então estuda Mayara, estuda!! Lá fui eu atras de blogs e sites pra saber qual a diferença entre os partos, benefícios, malefícios, o que seria melhor para o bebe? Para nos dois? Para nossa família? Foi então que ao ouvir de uma pessoa próxima, da família, que havia tido uma DESNEcesaria primeiro e depois um Parto Normal respeitoso é que comecei a perceber, que de fato eu não só podia, como devia tomar aquele caminho como meu objetivo, fazer com que a chegada do nosso príncipe, nosso menino, fosse respeitosa, humana e rodeada de amor e carinho, como ele merece! Afinal, era ele que estava nascendo, nada melhor que ele para decidir isso.. No meio desse caminho, troquei de medica, sabia que a minha ginecologista não iria levar esse meu desejo a serio, infelizmente... foi então que um anjo loiro entrou na minha vida.. Mais do que linda, ela realmente seguia a risca o que era exercer a medicina, cuidar do próximo... A primeira consulta só conversamos, 2 horas mais ou menos, e então fui me encantando cada vez mais, pela forma como me tratava, como tratava a minha família e como dividia aquele sonho conosco... Ela me apresentou o segundo anjo do nosso batalhão, a doula, que foi dia apos dia nos empoderando ainda mais, nos mostrando que seria possível e que esse seria sim o melhor caminho, desejado por nos, mas acima de tudo escolhido por ele, pelo nosso príncipe...
E assim o grande dia foi chegando.. Mansinho... Devagarzinho, as dores começaram de leve na quinta, e foram aumentando, assim como a dilatação... Como ele quis, como ele sentiu que estava ficando pronto...
40 semanas +1, As 6 da manha, uma contração muito forte me acordou, mal consegui ficar deitada.. Logo em seguida meu corpo, como que já prevendo o que ia acontecer, respondeu com uma forte diarreia.. Sabia que a hora estava chegando mas tentei descansar de novo... Porem Ha alguns dias uma febrinha me incomodava, e as 8 fui acordada de novo, mas dessa vez por conta da febre, 38 graus e meio! Resolvemos avisar a dra que pediu um exame de sangue, descemos para tomar cafe e as contrações começaram a ritmar, me lembro bem que eram 9 horas, sentei na bola para tentar comer e comecei marcar no celular.. Meus pais estavam em casa e não me esqueço da carinha de preocupação deles, mal sabiam que a hora estava por vir... Fomos ao laboratório, de la as contrações ja estavam em 5 em 5 min por mais de 1 hora, resolvemos avisar a dra, ela pediu para irmos ate ela depois do exame para que ela me examinasse... 4, pra 5 cm, colo médio apagado.. É de hoje não passa! Nossa foi como um soco no estomago, não de tristeza, mas de um misto de tantos sentimentos que não consigo resumir em palavras, que alias, foram sufocados por mais uma contração que chegou logo em seguida.. Avisamos a doula e a dra pediu para aguardarmos o exame de sangue.. Fomos ao mercado, nossa que ideia! As dores vinham e eu me abaixava entre as gondolas, rebolava.. O moco do açougue pergunta ao meu marido: é pra esse mês??! Não moço, é pra hoje mesmo! Olhos arregalados! Kkkkk é as pessoas não estão acostumadas... Compramos chocolates, frutas, tudo que eu teria vontade de comer, mal sabia que não conseguiria mais engolir nada... O resultado do exame de sangue chegou as 11 da manha, mandei pra dra e ela prontamente me respondeu: Mayara é uma infecção, não sei do que, mas preciso saber como esta o bebe, vá ate a clinica tal para fazermos cardiotocograma (um exame para ver as batidas do coração do bebe intrautero) enquanto isso vou chegando vaga nos hospitais.. E la fomos nos, ai a dor já estava numa escala de 0 a 10 em 4,5.. Contrações de 3 em 3 min... Exame feito, e para alivio, nosso príncipe estava bem tranquilo, chegando de mansinho, no tempo dele... Porem, a dra quis acompanhar mais de perto e resolveu nos internar... Nessa altura meu semblante já passava um pouco do momento que eu vivia, meus pais foram buscar as compras e ai então souberam que naquele dia iriam conhecer o neto... Fomos para o hospital El Kadri, a maternidade estava sem vaga, chegando lá João foi dar entrada na minha internação, as minhas dores só aumentando.. Resolvi ficar la fora e respirar um pouco de ar, passei mal, contrações ritmando, a doula estava chegando, a enfermeira pergunta: quer cadeira de rodas?? Não moça, quero um chuveiro e vou andando! Cheguei no quarto praticamente tirando a roupa e entrei no chuveiro... Aliviooooo!! Em pouco tempo chega a doula, contrações ritmando 2 em 2 min com duração de 3... As dores vinham, como se dilacerarem o meu corpo, mas ao mesmo tempo estava feliz em estar vivendo tudo aquilo, era ele chegando, do jeito dele, na hora dele, como ele quis... A água acalmava, as mãos da doula me aqueciam, a presença do meu marido me fazia esquecer a dor.. E assim as horas foram passando.. A dra chegou, me examinou.. 7 cm, estamos caminhando!! Me passou a medicação para a febre e seguimos partejando... Chuveiro, água quente, massagem... Mais pra cima, no meio das costas.. João me empoderando, dizendo vai dar certo... á eram 3 da tarde e as contrações ainda mais dolorosas, e compriiiidas... A doula falava grita, chora! Mas não, preferia me concentrar, em sentir aquilo, saber que meu filho estava chegando me amortecia, me enchia de esperanças e fé, em mim, no meu corpo, na minha mente e na vontade de Deus e do nosso príncipe... Mas a dor era tanta que eu pedia, quero anestesia, por favor.. Mas a doula sabia que era da boca pra fora, que não era o meu sentimento verdadeiro e dizia: pode deixar a gente já vai dar anestesia.. E me apertava, quase subia nas minhas costas, e aliviava a minha dor... A dra volta, Mais um toque, 8 pra 9cm, colo fino, ta quase... Mas dra quero anestesia! Anestesia agora? Aguenta você está chegando la!! Eis então que quando desço da maca, sinto a água escorrer: a bolsa estourou! Outro soco no estomago, outro misto de alegria, ansiedade e medo.. A hora estava chegando e nos estávamos quase conseguindo!! Foi então que ela disse: nada de chuveiro, quero ver você andar... Eis então que o irracional transcende o racional, que a mente já não manda mais no corpo e que os instintos mais primitivos começam a tomar conta... A partolãndia chegou junto a contrações de 1 em 1 minutos que duravam 7 longos minutos... Não escutava mais nada, só caminhava e rezava, pedia pra que nossa senhora me ajudasse a trazer meu filho ao mundo, que ele chegasse com saúde e respeito e pra juntos conseguíssemos que ele viesse assim... Não queria saber de musica e nem de conversa, coitados da doula e do meu marido... Já passavam das 5 da tarde, as dores me consumiam de ocitocina e de alegria ao mesmo tempo que faziam com que as lagrimas caíssem.. Vi a banqueta ali no canto e disse: quero sentar nela.. E ali sentei... Um tempo depois disse: quero fazer força... E fiz... A dra chegou e me examinou, batimentos ok, bebe encaixado, quase coroando.. Eh daqui ela não sai!! Foi um corre corre, como assim ela vai ter no quarto? diziam as enfermeiras, sim ela vai ter no quarto! Lembro bem da enfermeira chefe me dizer: mas a gente te poe na maca e em 3 min estamos no centro cirúrgico e eu respondi: você não esta entendendo, meu filho vai nascer aqui!
E entre pessoas entrando e saindo, instrumentos chegando, todo mundo foi se posicionando e eu ali, já não sentindo mais dores, sentindo um misto de felicidade e ansiedade, a hora havia chegado... Sem pressa, sem apavoro, sem nenhum tipo de intervenção... Dra, estou sentindo um cheiro de queimado, é em mim?? Não minha flor, são os instrumentos que passaram pela autoclave... E então o riso momentâneo me deu folego, para respirar e fazer força para o próximo empuxo... E assim, devagarzinho fui sentindo através do olhar do meu marido que ele estava chegando... Senti sua cabecinha, senti que ele estava ali, a pouco centímetros de nos.. E então, as 18hrs e 30 minutos ele chegou! Nossa tudo passou, o mundo parou e ali estávamos nos, com aquele milagre em mãos.. Mal consegui chorar tamanha alegria, amor e um misto de sentimentos inenarráveis... Ele me olhou com aqueles olhinhos pequenininhos e também não chorou mais.. E ali ficamos, nos olhando, nos sentindo, nos conhecendo... O papai João cortou o cordão depois que parou de pulsar, e então Marco Antonio mamou e eu experimentei a sensação indiscriíivel de ter ali nos meus braços, o bem mais precioso da minha vida...
Dia 17 de novembro de 2014, o dia escolhido por ele, na hora dele, do jeito dele... Cercado de amor, respeito e carinho.. Amor do papai João Ricardo Franco Caldeira que desde sempre soube que essa seria a nossa melhor forma de trazer ao mundo o nosso príncipe, que se empoderou, que mais do que estar ao lado, viveu e participou de cada momento, apoiou, me mostrou meu lado mulher e que meu corpo era capaz... agradeço a Deus por ter te colocado em meu caminho e por ser o melhor pai que Marco Antônio poderia ter! Te amo desde sempre e para sempre!
Respeito da Dra Paula Lidiane, o primeiro anjo que Deus colocou em nossas vidas, um exemplo do que é seguir a medicina, amar a profissão, cuidar do próximo e acima de tudo ser exemplo.. Nunca conseguiremos agradecer o suficiente por tanta dedicação... Nossa eterna parteira!
E carinho da querida doula Fabrina, o segundo anjo, as mãos de fada, o abraço acolhedor, os olhos que acalmam, as palavras que empoderam.. Enfim, tudo o que precisávamos naquele momento era um ser como vc ao nosso lado! Obrigada eternamente obrigada!
Não posso deixar de agradecer a minha tia Dra Jussara Martins, pediatra exemplar e que nos apoiou desde sempre, esteve ao nosso lado e cuida do nosso pequeno tao bem desde a barriga! Agradecer também quem me apoiou logo no inicio de toda essa Jornada,Renata, você é muito especial! Obrigada pelas dicas, apoio e por nos mostrar que esse caminho era sim o melhor caminho! Obrigada também a minha dinda Lucimara, que sempre nos deu carinho e atenção quando falávamos do parto... A minha mãe Juceli Martins, que aguentou o coração, aguentou me ver com as dores e me apoiou também, como pode, para que conseguíssemos trazer Marco Antônio ao mundo do jeito dele... Obrigada também a minha sogra Maria Cecilia, nosso exemplo e referencia de que sim é possível, é bom, é saudável!! Enfim, agradecemos também a todos os familiares e amigos que nos apoiaram, que por vezes duvidaram e que mesmo duvidando nos ajudaram a nos empoderarmos, a buscarmos informações e acreditarmos que seria possível.
E viva o parto natural, respeitoso e humanizado! Por mais gente nascendo assim, por mais mulheres sendo respeitadas, por mais famílias se unindo, por mais anjos na vidas das pessoas e por mais bebes nascendo na sua hora, no seu dia e do seu jeito!

A Fisioterapia Obstétrica tem como principal foco a preparação física da mulher em estado gestacional e no pós parto, buscando otimizar seu estado gravídico ajudando-a a minimizar os desconfortos decorrentes nesta fase. Como Doula o meu papel é de dar apoio físico, emocional e informacional ao casal, durante a gestação, parto e pós parto. Sejam Bem Vindos ao meu blog!!
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